Cistos Renais: O Que São, Tipos, Diagnóstico e Opções de Tratamento
Os cistos renais são pequenas bolsas cheias de líquido que se formam nos rins, órgãos responsáveis pela filtragem do sangue e produção de urina. A maioria dos cistos renais é benigna e assintomática, sendo chamada de cisto renal simples. No entanto, alguns cistos podem ter características mais complexas e estar associados a doenças renais mais graves. Entender a diferença entre esses tipos de cistos, seus riscos e as opções de tratamento disponíveis é fundamental para manter a saúde renal em dia.
Neste post, abordaremos os tipos de cistos renais, suas causas, sintomas, diagnóstico, tratamentos e a importância do acompanhamento médico para o controle da condição.
O que são cistos renais?
Os cistos renais são bolsas ou sacos cheios de líquido que se formam dentro ou sobre os rins. Eles podem ser simples ou complexos, o que afeta diretamente a conduta médica em relação ao tratamento.
Os cistos renais simples são comuns, especialmente em pessoas mais velhas. Normalmente, não causam sintomas ou complicações e, muitas vezes, são descobertos de maneira incidental durante exames de imagem de rotina, como ultrassonografias ou tomografias computadorizadas, realizados por outros motivos. Já os cistos complexos podem apresentar divisões internas, paredes espessas ou outras características que exigem um monitoramento mais cuidadoso, pois podem estar relacionados ao câncer de rim.
Tipos de cistos renais
Cisto renal simples
- Esse é o tipo mais comum e geralmente não causa problemas. É uma estrutura com paredes finas, sem divisões ou componentes sólidos. Na maioria dos casos, esses cistos são benignos e não evoluem para doenças mais graves.
Cisto renal complexo
- Cistos complexos apresentam características que os diferenciam dos cistos simples. Eles podem ter paredes espessas, calcificações ou compartimentos internos. Esses cistos precisam ser monitorados com mais cuidado, pois podem, em casos raros, estar associados a câncer renal.
Doença renal policística (DRP)
- A DRP é uma doença genética que causa o crescimento de múltiplos cistos nos rins, eventualmente levando à perda da função renal. Existem dois tipos principais de DRP: a autossômica dominante (mais comum e se manifesta geralmente após os 30 anos) e a autossômica recessiva (mais rara, afetando crianças e adolescentes).
Causas dos cistos renais
As causas exatas dos cistos renais simples ainda não são totalmente compreendidas. No entanto, o envelhecimento é um dos principais fatores, sendo que a prevalência desses cistos aumenta com a idade. Pessoas acima dos 50 anos têm uma chance maior de desenvolver cistos simples, e eles podem aparecer isoladamente ou em múltiplas unidades.
Já a doença renal policística é causada por mutações genéticas, herdadas de um dos pais ou ambos, dependendo do tipo da doença (dominante ou recessiva).
Sintomas
Os cistos renais simples geralmente não causam sintomas. No entanto, em alguns casos, podem surgir desconfortos se o cisto crescer muito ou se romper. Os sintomas incluem:
- Dor nas costas ou lateral (flanco): Um cisto grande pode pressionar outras estruturas, causando dor na região lombar ou lateral do abdômen.
- Sangue na urina (hematúria): A presença de sangue na urina pode ocorrer se o cisto interferir na função renal.
- Infecção do cisto: Se o cisto infeccionar, pode haver febre, dor e sinais de infecção urinária.
- Obstrução urinária: Um cisto muito grande pode bloquear a passagem da urina, causando dificuldades para urinar.
Em contrapartida, na doença renal policística, os sintomas costumam ser mais evidentes, incluindo dor, hipertensão arterial, aumento do tamanho do abdômen e, eventualmente, insuficiência renal.
Diagnóstico
A detecção de cistos renais geralmente é feita de forma incidental, durante exames de imagem realizados por outras razões. No entanto, uma vez identificados, os cistos podem ser monitorados e avaliados por exames específicos para determinar suas características.
- Ultrassonografia (USG): Este é o exame mais comum e de primeira linha para detectar cistos renais. Ele ajuda a identificar o tamanho, forma e localização do cisto.
- Tomografia Computadorizada (TC): A TC fornece uma visão mais detalhada, especialmente útil para avaliar cistos complexos e determinar se há risco de malignidade.
- Ressonância Magnética (RM): Esse exame também é utilizado para avaliar cistos complexos, fornecendo imagens detalhadas das estruturas renais.
- Exames de sangue e urina: Esses testes podem ser realizados para verificar a função renal e detectar sinais de infecção ou sangramento.
Classificação de Bosniak
A classificação de Bosniak é utilizada para categorizar os cistos renais com base em suas características encontradas nos exames de imagem. Ela ajuda a determinar o risco de malignidade e a necessidade de tratamento. Os cistos são classificados de I a IV, sendo:
- Bosniak I: Cisto simples, benigno, sem necessidade de tratamento.
- Bosniak II: Cisto minimamente complicado, com baixo risco de câncer, geralmente sem necessidade de intervenção.
- Bosniak IIF: Cistos com maior complexidade que requerem monitoramento contínuo.
- Bosniak III: Cistos indeterminados, com maior risco de malignidade, geralmente exigindo intervenção cirúrgica.
- Bosniak IV: Cistos com alta probabilidade de câncer, com indicação cirúrgica.

Tratamento dos cistos renais
O tratamento dos cistos renais varia conforme o tipo, tamanho e os sintomas causados. Cistos simples, que não causam dor ou complicações, geralmente não necessitam de tratamento. No entanto, cistos que crescem, causam desconforto ou apresentam risco de malignidade podem requerer intervenção. As principais opções de tratamento incluem:
Observação
- Para cistos renais simples e pequenos, a maioria dos médicos recomenda apenas o acompanhamento regular por meio de exames de imagem, como ultrassonografia, para monitorar o crescimento e quaisquer mudanças nas características do cisto.
Aspiração e escleroterapia
- Se um cisto causar dor ou desconforto, ele pode ser drenado através de uma agulha fina inserida no cisto. Após a drenagem, uma substância esclerosante pode ser injetada para evitar que o cisto se forme novamente. Esse procedimento é minimamente invasivo e feito com anestesia local.
Cirurgia laparoscópica
- Para cistos maiores ou complexos que causam sintomas significativos, a remoção cirúrgica pode ser necessária. A cirurgia laparoscópica é o método mais comum, permitindo a remoção do cisto com pequenas incisões, resultando em menos dor e uma recuperação mais rápida para o paciente.
Tratamento de doenças subjacentes
- No caso de cistos complexos ou associados à doença renal policística, o tratamento deve focar na gestão da doença subjacente. Em alguns casos, pode ser necessário controlar a pressão arterial, evitar infecções e, nos casos graves, considerar o transplante renal.
Acompanhamento e Prognóstico
Os cistos renais simples têm um prognóstico excelente e raramente causam problemas de saúde a longo prazo. O acompanhamento periódico, geralmente a cada 6 meses ou 1 ano, é recomendado para monitorar qualquer alteração no tamanho ou na aparência do cisto.
Já no caso de cistos complexos ou doenças como a DRP, o acompanhamento médico é mais intenso, com exames regulares e possíveis intervenções conforme o avanço da doença. O prognóstico vai depender do estágio da condição e do tipo de intervenção realizada.
Considerações Finais
Os cistos renais são, na maioria das vezes, benignos e assintomáticos. No entanto, é importante estar atento aos sinais e procurar acompanhamento médico regular para garantir que, em caso de complicações, o tratamento adequado seja iniciado a tempo. Um diagnóstico precoce e um bom controle da condição são essenciais para a manutenção da saúde renal e a prevenção de problemas futuros.

Dr Saulo Teles
Urologista
CRM-SP 178.337 l RQE 93.595
Urologista pelo Hospital Albert Einstein, com especialização em Uro-Oncologia e Cirurgia Robótica.