É um problema muito comum! Cerca de 20% dos homens e 10% das mulheres terão cálculos urinários ao longo da vida. A prevalência varia conforme idade, sexo, etnia e localização geográfica.
Cerca de 80% dos cálculos são de cálcio (maioria oxalato de cálcio). Outros tipos incluem: ácido úrico (8%), cálculos de cistina (1-2%), cálculos de estruvita (1%) e outros (<1%).
Fatores de Risco: Anormalidades bioquímicas na composição urinária (elevação de cálcio urinário, elevação de oxalato urinário, baixo citrato urinário, elevado ácido úrico urinário e baixo volume urinário). O pH urinário está bastante relacionado a formação de certos tipos de cálculos (pH ácido está relacionado a cálculos de ácido úrico e o pH alcalino aos cálculos de fosfato de cálcio). Fatores dietéticos: têm importante papel na formação do cálculo pois afeta a composiçao da urina. Baixa ingesta de líquidos, calcio, potassio e elevado consumo de oxalato, sódio e possivelmente proteina animal estão relacionados ao surgimento de cálculos de cálcio. Elevado consumo de proteína animal e baixo consumo de frutas, verduras aumenta o risco para cálculos de ácido úrico. Algumas medicações podem estar relacionadas à formação de cálculo por alterarem a composição da urina ou se precipitarem e se tornarem o principal constituinte do cálculo.
Alguns fatores de risco não são modificáveis: história familiar, genética e outras condições médicas.
Sintomas: Alguns cálculos podem ser eliminados de forma assintomática. O quadro mais comum é de dor intensa e súbita (cólica renal) podendo estar associada a sangramento na urina. Outros sintomas incluem: náuseas, vômitos, ardência ao urinar e urgência para urinar.
Diagnóstico: devem ser realizado exames de sangue e exame de imagem para identificação do tamanho, posição e quantidade de cálculos e possíveis complicações. O exame de imagem de preferência é a tomografia computadorizada, com elevada acurácia para detecção de cálculos urinários. Pode-se utilizar de ultrassom ou ressonância magnética em casos específicos.
Tratamento: Após o controle da dor, a maioria dos cálculos podem ser tratados de forma conservadora (se favoráveis a eliminação espontânea). Internação hospitalar pode ser necessária em casos para controle de dor, febre, alteração da função renal ou outra necessidade de abordagem cirúrgica.
A terapia expulsiva medicamentosa inclui controle de dor e uso de medicação para facilitar a eliminação espontânea (ex: tansulosina). Pacientes que falham com a terapia expulsiva medicamentosa ou apresentam piora dos sintomas ou da função renal devem ser avaliados para possibilidade de abordagem cirúrgica.

A estratégia cirúrgica irá depender do tamanho e localização do cálculo, da presença de sinais de complicação (infecção/perda de função renal), da preferência e comorbidades do paciente.
Entre as abordagens disponíveis, podemos citar a Litotripsia Extracorpórea (por ondas de choque), a Litotripsia semirrígida e a flexível (fragmentação a laser pela via urinária – sem cortes) e a nefrolitotripsia percutânea (abordagem por um corte de aproximadamente 1cm nas costas para cálculos renais volumosos).
Em casos muito específicos, pode-se oferecer a cirurgia aberta ou por laparoscopia (com ou sem auxílio da tecnologia robótica), porém estes são casos raros.
Após a cirurgia, na maioria dos casos, é necessário o uso do cateter duplo-J, um cateter que fica posicionado do rim até a bexiga para facilitar a drenagem urinária e evitar episódios de obstrução ureteral e dor. Em alguns casos, um fio pode ser colocado no cateter para retirada do mesmo em consultório, sem necessidade de novo procedimento cirúrgico.
Após quadro de cálculo renal, o paciente deve ser avaliado para identificação de causas para formação de cálculos e identificação de composição do cálculo. O estudo metabólico para investigar causas de formação de cálculos está indicado para pacientes com múltiplos cálculos na apresentação inicial, recorrência e aumento dos cálculos já existentes.
Seguimento: Deve ser realizado com exame de imagem (ultrassonografia, raio-x ou Tomografia) de acordo com a doença inicial.
Prevenção: Mudança no estilo de vida (aumento da ingesta hídrica, modificações na dieta, perda de peso) e algumas medicações podem ajudar na prevenção e redução da recorrência dos casos.
*Cálculo durante a gestação: Surgimento de cálculo durante a gestação é raro, geralmente se manifesta com dor em flanco e sangramento na urina principalmente no 2º e 3º trimestre. O tipo de cálculo mais comum na gestação é o fosfato de cálcio. Quando suspeitado, o diagnóstico pode ser feito através de exames de sangue e exame de imagem (preferencialmente ultrassonografia e ressonância magnética). Em alguns casos, pode ser necessária a realização de tomografia computadoriazada de baixa-dose, nos 2º e 3º trimestres. A paciente deve ter sua dor controlada e, na maioria dos casos, ocorre eliminação espontânea do cálculo. A abordagem cirúrgica irá depender das características do cálculo, do período da gestação e da presença de complicações como piora de função renal ou infecção urinária.

Dr Saulo Teles
Urologista
CRM-SP 178.337 l RQE 93.595
Urologista pelo Hospital Albert Einstein, com especialização em Uro-Oncologia e Cirurgia Robótica.